O Brasil terá representantes em tempo integral na próxima temporada da NTT INDYCAR SERIES e da INDY NXT by Firestone, com Caio Collet e Enzo Fittipaldi, respectivamente. Essa recente presença do país sul-americano, com sua rica tradição no automobilismo, levanta a questão: Quem foi o melhor piloto brasileiro a competir na INDYCAR SERIES?
Curt Cavin: O melhor brasileiro a ter competido na INDYCAR SERIES é Emerson Fittipaldi, e não acho que haja muita discussão, embora Gil de Ferran mereça mais reconhecimento do que recebe. Mas gostaria de aproveitar este espaço para dizer que a trajetória de Helio Castroneves é digna do mais alto escalão. Sim, ele passou a maior parte da carreira na Team Penske em seu auge, mas não se esqueçam de que a equipe estava em crise quando De Ferran e Castroneves (foto acima) chegaram para a temporada de 2000. Naquele primeiro ano juntos, Castroneves venceu três corridas contra duas de De Ferran, e ao longo dos quatro anos em que correram juntos, Castroneves venceu mais corridas (11 contra 9). Castroneves acumula 31 vitórias e 50 poles, e apenas três pilotos na história superaram esses dois totais (A.J. Foyt, Mario Andretti e Will Power, sendo que somente Foyt tem tantas vitórias em Indianápolis quanto Castroneves). Castroneves é frequentemente criticado por não ter conquistado um campeonato, mas terminou em segundo lugar quatro vezes ao longo de 13 anos e ficou a apenas dois pontos do título quando terminou em terceiro em 2006. Estatisticamente, ele possui o melhor retrospecto na INDYCAR entre os brasileiros.
Eric Smith: Para mim, é Emerson Fittipaldi. Ele trouxe dois títulos de Fórmula 1 e 14 vitórias para sua estreia na CART no Grande Prêmio de Long Beach de 1984. Ao longo de 12 anos na CART, Emmo conquistou o campeonato de 1989 e duas vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis, em 1989 e 1993. Ele encerrou sua carreira na INDYCAR SERIES com 22 vitórias em 195 largadas. Notavelmente, ele começou esse capítulo aos 37 anos. Se sua carreira na INDYCAR SERIES tivesse começado antes, não tenho dúvidas de que Fittipaldi (foto acima) teria adicionado muito mais a esses totais, o que o torna o melhor brasileiro a competir nesta categoria.
Arni Sribhen: As estrelas mais brilhantes queimam mais rápido, então temos que apreciá-las enquanto podemos. É assim que vejo a carreira de nove anos de Gil de Ferran na INDYCAR SERIES. As principais conquistas de De Ferran são bem conhecidas – títulos consecutivos da INDYCAR SERIES pela equipe Roger Penske em 2000 e 2001 e a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis de 2003. Mas antes de se tornar uma estrela da Team Penske, De Ferran surgiu no cenário automobilístico em 1995, quando quase venceu em Cleveland pela Hall/VDS Racing. Ele conquistaria sua primeira vitória ainda naquele ano em Laguna Seca e seria nomeado o Novato do Ano da CART. Conhecido por sua abordagem analítica e por sempre terminar entre os primeiros colocados, De Ferran (juntamente com Greg Moore) foi escolhido a dedo por Penske para liderar a reformulação da equipe no início do milênio. Sua velocidade excepcional é mais lembrada por sua famosa pole position, quando estabeleceu o recorde de velocidade em circuito fechado de 241,428 mph no California Speedway em 2000 (foto acima), mas ele era rápido em todos os tipos de pista e ocupa o 14º lugar de todos os tempos em pole positions, com 21 em sua carreira. E embora seus números não alcancem os daqueles que correram por mais tempo (12 vitórias e 50 pódios em 160 largadas), ele venceu corridas por todas as equipes da INDYCAR SERIES pelas quais correu e terminou em terceiro lugar ou melhor no campeonato em cinco de suas nove temporadas. De Ferran se aposentou no auge, vencendo sua última corrida em 2003 e garantindo seu lugar entre os melhores da INDYCAR SERIES, independentemente do país.
Paul Kelly: A resposta deve ser Emerson Fittipaldi. Aplaudo Curt e Arni por prestarem o devido respeito a Helio Castroneves e Gil de Ferran, respectivamente, mas Emmo tem a combinação mais bem-sucedida de títulos e vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis (duas de cada) de qualquer brasileiro. Além disso, há outro fator a ser considerado sobre Emmo que Castroneves, de Ferran e o também brasileiro Tony Kanaan não enfrentaram quando chegaram à INDYCAR SERIES: o mundo do automobilismo achava que Fittipaldi estava acabado. Fittipaldi conquistou seu segundo Campeonato Mundial de Fórmula 1 em 1974 e terminou em segundo lugar para Niki Lauda em 1975. Ele estava no auge de sua carreira quando tomou a infeliz decisão de pilotar para a equipe Fittipaldi, de propriedade de seu irmão mais velho, Wilson, em 1976. Após a temporada de 1980, ele se aposentou da F1 aos 33 anos, tendo conquistado apenas um segundo lugar como melhor resultado com a equipe de seu irmão. Emmo ficou quatro anos afastado das pistas antes de retomar sua carreira aos 37 anos na INDYCAR SERIES em 1984 com a Patrick Racing, com a qual conquistou sua primeira vitória nas 500 Milhas de Indianápolis e o título da série em 1989, antes de se transferir para a Team Penske em 1990. Foi preciso muita coragem para Fittipaldi arriscar ainda mais seu legado mundial – já manchado pelo fiasco da equipe Fittipaldi – na América do Norte. Ele conseguiu com maestria, criando uma segunda carreira de sucesso raramente vista no automobilismo mundial.
Fonte: Indycar
