O Insano GP no misto de Indianápolis

por Everton Rupel

Com a colaboração de Fabio Mota.

Salve pessoal,

Que corrida! Que espetáculo! Nesta corrida ocorreu de tudo. Choveu, parou, choveu de novo, voltou a parar. Há muito tempo eu não via uma corrida ter tantas paradas de boxes. O GP Indy foi tão intenso, insano e incalculável em suas estratégias que lembrou uma daquelas séries do NetFlix com diversas possibilidades e histórias paralelas.

Will Power, o pole position: entre os favoritos na base da regularidade (Foto: Aaron Skillman – Indycar/PEC)

Devido às fortes chuvas e ameaças de raios, o procedimento de largada foi alterado, atrasando-se em cerca de 45 minutos o planejamento inicial. Os ventos eram tão fortes que a programação do Road to Indy foi adiada para depois do evento principal deste sábado.

A largada e a primeira volta foram limpas, sem acidentes, mas as trocas de posição já começaram a ocorrer por ali mesmo.  Com um show de Pato O’Ward e a McLaren, deixar o pole position Will Power não foi das tarefas mais complexas. Mas o jogo de xadrez que seria este GP estaria começando muito em breve quando Colton Herta decidiu seguir aos pits e trocar seus pneus, originalmente de chuva, para os lisos vermelhos. Sua primeira volta foi extremamente difícil pois a temperatura ideal não foi obtida, assim como ainda tinham alguns pontos molhados no traçado. Mas provou-se ser uma jogada de mestre. A partir daí o GP foi o jogo de xadrez que anunciamos no início desta coluna, pois as trocas de posições e variação climática foram extensas. Em alguns casos, os pilotos trocaram de pneus em questão de uma única volta, indo do modelo de chuva ao liso e vice-versa.

Diversos acidentes ocorreram, nenhum de gravidade, e alguns pilotos de destaque foram ficando pelo caminho, como Josef Newgarden e Rinus Vee Kay. Scott McLaughlin tem tido todo apoio, mas ainda carece de saber jogar na estratégia da IndyCar. Fez uma grande corrida mas acabou ficando pelo caminho. O mexicano O’Ward também precisa ser aconselhado internamente pois, em dois momentos jogou a vitória no colo do filho de Bryan Herta.  Em um destes momentos acabou por prejudicar o próprio companheiro de equipe, o finlandês Felix Rosenqvist.

Destaques desta corrida insana podem ser, justificadamente, Juan Montoya que fez um excelente trabalho, para que não sentava em um ritmo de final de semana de prova há muito tempo. Ele ainda faria uma dobradinha da Weather Tech no domingo 15/05. E, principalmente, Simon Pagenaud: o francês largou em vigésimo lugar e escalou a corrida com inteligência, chegando em segundo lugar.

A vitória ficou, merecidamente, com Colton Herta. O francês da MSR chegou em segundo e o pole Will Power, da Penske, salvou um terceiro lugar.

Um destaque em especial ao Colton Herta foi seu domínio do carro em condições nada seguras quando evitou que o seu Dallara-Honda #26 se perdesse no caminho. Prova de quem está com muita vontade de testar mesmo o McLaren F1.

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A McLaren anuncia, provavelmente, em Detroit, o terceiro carro de sua operação na IndyCar para o ano de 2023. Especula-se que este carro será pilotado por Alex Rossi. Confesso que não entendo esta atração pois, há mais de três anos, o vencedor das 500 milhas de Indianápolis de 2016 não brilha, por um instante qualquer. É especulado para o seu lugar, o Christian Lundgaard.

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Destaque também a bela corrida que Callun Ilott e sua Juncos Racing neste dia, com um brilhante oitavo lugar.

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Fala galera, beleza? Aqui Everton Playmobil Rupel!

Cheguei para ver a corrida da volta 57, em bandeira amarela, em diante e percebi que a coisa estava selvagem quando percebi que a pista tava molhada mas todo mundo estava de pneus slick, aqueles para pista seca. Jimmie Johnson (Ganassi) rodou mesmo em amarela e a galera foi aos pits para aproveitar a extensão da neutralização. Pensei “vão todos colocar pneus de pista molhada”. Pensei errado! Trocaram por pneus slicks. E a chuva deu uma apertadinha leve e aí foi o pulo da estratégia do time do Colton Herta: voltou aos pits e colocou pneus para chuva. E quase todos seguiram sua estratégia: os únicos que apostaram que a chuva ia parar foram Scott McLaughlin (Penske), Pato O’Ward (AMSP) e Romain Grosjean (Andretti), que ficaram na pista com pneus para pista seca.

A contagem de voltas foi para o espaço e a relargada seria dada com cronômetro na regressiva: 17 minutos para o final. Digo seria, pois McLaughlin, que estava em 1º,  rodou e caiu para 5º.

Relargaram com 14 minutos para o fim, com Herta passando O’Ward e indo para a ponta. Mas veio nova amarela com nova rodada de McLaughlin.  Nova relargada com 6 minutos para o fim, com uma disputa insana entre Takuma Sato (DCR RWR), Juan Montoya (AMSP) e Marcus Ericsson (Ganassi), todos esses passando por Helio Castroneves (Meyer Shank).
A essa altura, Herta tinha dado duas voltas em bandeira verde, abrindo 6 segundo sobre um impressionante Simon Pagenaud, que largou do fundo e estava em 2º.

E apesar de toda a selvageria que foi a corrida, a melhor do ano até agora, o final foi um anti-clímax: faltando 1 minuto e meio para o término, Montoya apareceu com o carro todo avariando e parado numa saída de curva, causando a derradeira amarela. Herta fez as duas últimas voltas sob a amarela e venceu sua 1ª no ano, coroando a competência de estratégia do seu pai, Bryan Herta.

Colton Herta e seu time campeão de estratégia hoje (Foto: Joe Skibinski – Indycar/PEC)

Destaques: Pagenaud (2º),  Conor Daly ?! (ECR, 5º),  Sato (7º), combativo a prova toda, Callum Ilott (JHR, 8º), Christian Lundgaard (RLL, 9º) e Juan Montoya que fazia um top 10 mineiramente, mas bateu no final.

E olhem só o Top 9 da classificação: o líder agora é Will Power, que ainda não venceu!
Esse Will Power está bem diferente do Will Power que conhecemos, não?
Ele contou com infortúnios de McLaughlin, Grosjean e O’Ward e suas estratégias ruins, de Newgarden que se engalfinhou com Harvey e ficou muitas voltas na garagem para reparos, com uma pane seca de Dixon, de Palou que perdeu tempo num de seus pits…sorte de campeão?

A próxima corrida será aquela que é considerada a maior corrida do mundo: as 500 Milhas de Indianápolis, no dia 29 de maio. Será a centésima sexta (106ª) edição da prova!! Até lá teremos treinos livres e classificatórios.

Abraço e até mais!

PRODUÇÃO

OlharesBR
Grand Prix Service Consultoria
Everton Rupel Comunicação
Colaboradores

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IMAGENS

Everton Rupel, Matt Fraver, Joe Skibilinski, Travis Linkle, Paul Hurley, James Black, Chris Jones, Mike Young, Walt Kuhn, Lisa Hurley, Dana Garrett, Tim Holle, Aaron Skillman, Peter Burke, Richard Zimmermann, Michael Bratton, Dave Green, Jack Webster, Mike Doran, Mike Levitt.

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